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quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sombra e luz: a consciência da morte

Mesmo nos consultórios de psicoterapia falar sobre morte e mortalidade é tabu. Muitos pacientes e até alguns terapeutas sentem-se ameaçados e envergonhados por terem pensamentos sobre a morte e sobre a validade da vida. A verdade é que a maioria de nós vez ou outra tem estes pensamentos e que a maioria de nós sente-se isolado, incompreendido e até considera-se doente por pensar e refletir sobre a morte. A morte está aí como um fato, assim como o está a existência. E existir nada mais é do estar aí no mundo deparado com sua condição humana, ou seja, deparado com a falta de sentido intrínseco do mundo e com a mortalidade de si mesmo e daqueles que se ama. Contudo, toda vez que existe este despertar da consciência o indivíduo tende a afastá-lo, seja ocupando-se em tarefas rotineiras, seja fazendo uma plástica para rejuvenescer ou atirando-se em atividades cheias de adrenalina. A verdade é que devemos aproveitar este despertar para, encarando a sombra da morte tão de perto, colocar a realidade e os sonhos em perspectiva de modo a melhorar esta existência que está aí hoje. Nunca é tarde demais ou se está velho demais para realizar as mudanças que se quer e poder sentir o enlevo de estar vivo: “O modo de valorizar a vida, a forma de sentir compaixão pelos outros, a maneira de amar tudo com a maior força é saber que estas experiências estão destinadas a serem perdidas”. Portanto, não procure se anestesiar da própria consciência, mas sim buscar aquelas experiências que te digam que você está realmente vivo, que ressoem não apenas em sua realidade física, mas também em seu interior. Desta forma, será mais tranquilo aproveitar o tempo que temos sob a luz.


Gabriela P. Daltro
Psicóloga CRP 06/86668
gabipdaltro@hotmail.com

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