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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Crianças: Consumo e Consumismo

Uma das grandes preocupações dos pais nos dias de hoje é a exigência dos filhos quando se trata das compras da família. Além dos adultos, as crianças e pré-adolescentes entre 8 e 14 anos estão expostos a publicidade exacerbada, o que pode levar não apenas a demandas de consumo mas ao consumismo em si. O consumo é uma atividade econômica voltada para a aquisição de bens e de riquezas e, de certo modo, é inevitável no sistema econômico em que vivemos: o capitalismo. Contudo, o consumismo é o ato de adquirir produtos e serviços de modo desenfreado e compulsivo, sem necessidade e consciência. O consumismo atinge grande parte da população, contudo é mais crítico em relação às crianças porque estas estão em fase de desenvolvimento e de aprendizado em relação à vida e seus valores, levando a uma deturpação das noções de cidadania e também à dificuldade em suportar frustrações e em adquirir prazer com outras atividades além do comprar. Muitos pais ainda estimulam este comportamento em uma tentativa de prover ao filho o que lhe faltou na infância ou como modo de expressar o amor e compensar a falta de tempo disponível para ele. Contudo, o consumismo pode levar a criança a entender que os objetos valem mais que valores humanos, ou melhor, que estes valores (assim como veiculados no anúncios publicitários) estão inevitavelmente vinculados a marcas e produtos. Algumas atividades simples executadas com os filhos podem ajudá-los a trabalhar suas necessidades físicas e emocionais sem recorrer às compras: por exemplo os pais podem desenvolver atividades que não exijam mídia ou TV como jogos de tabuleiros , cozinhar, atividades culturais; pode ainda evitar fornecer dinheiro para lanche escolar provendo um lanche mais nutritivo; evitar levar os pequenos às compras em megalojas de brinquedos pois eles tem dificuldade em controlar seus impulsos e em compreender porque não podem ter o que querem; assim é melhor conversar sobre o que vão comprar e porquê antes de sair de casa; assistir TV em família é uma boa opção para ensinar comportamentos de negociação, cooperação e comprometimento.

Gabriela P. Daltro
Psicóloga CRP 06/86668
gabipdaltro@hotmail.com
Avosidade: relações inter-gerações

Existe hoje um termo cunhado pela psicogerontologia (área da Psicologia voltada para o estudo do envelhecimento) para definir uma mudança importante na vida adulta: a avosidade. Assim como a maternidade, o fato de tornar-se avós traz ao indivíduo uma série de mudanças no modo como se relaciona com seus filhos, família e consigo mesmo. É o momento em que as relações intergeracionais se destacam, ou seja, o funcionamento da família se evidencia devido a nova vida que surge e a responsabilidade que ela representa como sendo o futuro da própria família e de seus sonhos e expectativas. Tornar-se avô ou avó é um passo além no crescimento como adulto: é o momento de reconhecer que os filhos formarão suas próprias famílias e que muitas vezes conduzirão suas vidas e a educação de seus filhos de modo diferente das expectativas dos avós. Muitos fatores determinam a configuração das relações entre avós, filhos e netos: a idade em que isso ocorre, a incidência de outros netos, a história de relacionamento com os filhos e seus parceiros, a história de relacionamento com o próprio parceiro, o entendimento do envelhecimento, determinações culturais, entre outros. O que é importante frisar é que tornar-se avô ou avó é, em qualquer idade e circunstância, uma mudança no lugar que se ocupa na família e em sua dinâmica e que esta mudança pode ser vivida como algo enriquecedor ou como perda do lugar antes ocupado. Compreender que mesmo durante a vida adulta ainda passaremos por muitas transformações, incluindo a avosidade, é o primeiro passo na construção de relações intergeracionais satisfatórias.

Gabriela P. Daltro
Psicóloga CRP 06/86668
gabipdaltro@hotmail.com

quarta-feira, 22 de julho de 2009

O que é realização?

Gostaria de conversar com você hoje sobre realização. A maior parte das pessoas passa a vida sem se perguntar por que se dedicam a esta ou aquela atividade. Esta é uma questão fundamental para uma vida satisfatória e mais feliz, pois ação sem motivação é uma ação sem sentido, voltada apenas ou em última instância para o acúmulo material. Mas, afinal, o que é sentir-se realizado?Em primeiro lugar, a realização é uma sensação: uma sensação boa, positiva, de estar exatamente onde deveria estar, fazendo o que gosta; mas mais do que isso uma sensação de prazer duradoura. A realização vem do contato direto com a realidade, com a capacidade de usufruir da abertura que é o ser humano. O humano é um ser aberto para o mundo, uma semente que pode transformar-se em infinitas possibilidades. Assim, realizar-se é sempre realizar-se aí no mundo afora. Assim, encontrar aquele ponto de equilíbrio entre a necessidade material e a necessidade existencial é a chave para a realização. Não que seja tarefa fácil. As pressões e exigências do mundo muitas vezes empurram o indivíduo para longe de sua motivação, enquanto preocupações secundárias com trabalho, sustento, família e moral prevalecem. Contudo, é muito comum que em meio às obrigações de uma vida cotidiana o lado mais humano de nós transpareça e exija manifestar-se. Encontrar uma atividade que dê prazer, mas também que tenha um sentido maior e, mais do que tudo, estar aberto para sentir a realidade da vida em suas angústias e prazeres é fundamental para que aquela sensação de aconchego e pertencimento se aproxime de nós.

Gabriela P. Daltro
Psicóloga CRP 06/86668
gabipdaltro@hotmail.com
Prevenção na adolescência: corpo e decisão


Dois pontos são de fundamental importância durante a adolescência: o corpo e suas mudanças e a capacidade de tomar as próprias decisões. A questão do corpo na adolescência é de suma importância quando se pensa em prevenção de gravidez e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) porque é partir do corpo que o adolescente se percebe crescendo e mudando. As mudanças psicológicas típicas desta fase, tal como a necessidade de maior independência e da necessidade de sentir-se parte e aceito por um grupo, apóiam-se nas mudanças físicas. Nesta fase há a descoberta do corpo que se torna adulto e o interesse pela descoberta do próprio corpo e do corpo do outro é inevitável. Grande parte da adolescência é gasta em tornar o próprio corpo desejável, ou seja, é quando começamos a nos preocupar com os aspectos do nosso corpo sexualmente importante para os outros. Descobrir-se desejável equivale a sentir-se parte do mundo e a ter, no futuro que pela primeira vez se abre, a descoberta de não passar a vida sozinho ( no sentido de desfrutar da intimidade que só uma relação conjugal pode oferecer). Esta necessidade de, sobretudo, aceitar a si próprio em suas qualidades e defeitos e aceitar, com isso, que ás vezes o outro pode nos aceitar ou rejeitar é o centro da decisão de prevenir-se sexualmente. Agir impulsivamente está em total acordo com as mudanças da adolescência, mas ao mostrar e esclarecer ao adolescente suas próprias questões, ajudando-o a reconhecer-se damos a oportunidade da decisão consciente. É importante destacar que a necessidade de ser capaz de tomar as próprias decisões é fundamental nesta fase e que valorizar esta capacidade pode tornar o aolescente mais receptivo às informações e, também, mais capaz de decidir prevenir-se, pois este deve sentir que a decisão é dele e não algo que lhe foi imposto. Reconhecer a importância do corpo e da independência do adolescente em relação a ele é a chave para começar um trabalho preventivo, seja em maior escala ou mesmo com os próprios filhos.


Gabriela P. Daltro
Psicóloga CRP 06/86668
gabipdaltro@hotmail.com

Conhecendo a esquizofrenia

A atual novela da rede Globo, através de um personagem portador de esquizofrenia, tem divulgado os problemas que esta doença gera. A esquizofrenia é uma doença mental crônica, ou seja, pode ser controlada mas não tem cura, e que atinge cerca de 1% da população mundial. Em geral ela se manifesta na faixa dos 20 e 30 anos de idade, gerando enorme impacto social e na família. A esquizofrenia é caracterizada por alguns sintomas, que podem estar presentes, ausentes ou combinados. Dentre eles destacam-se os delírios e alucinações. O delírio é uma crença, em geral absurda, que não pode ser removida: a pessoa acredita, por exemplo, que existe um complô para lhe fazer mal e por mais que se prove o contrário ela não se mostra convencida. Os delírios podem ter vários temas, mas em geral são persecutórios. Já as alucinações caracterizam-se por percepções e sensações sem a presença do objeto: a pessoa vê, conversa, ouve e sente outras pessoas, objetos, alienígenas, animais falantes, etc que não são reais, mas que para ela são tão reais e palpáveis quanto o restante da realidade. Em fases agudas da doença a pessoa pode apresentar desorganização do pensamento, suas idéias ficam confusas, vocabulário pobre ou infantil; apresenta também isolamento e pode tornar-se agressiva por conta dos conteúdos de seu delírio. Identificar a esquizofrenia e seu subtipo é o primeiro passo para ajudar o paciente. Isso deve ser feito por um psiquiatra que vai informar as medidas a serem tomadas, tal como a medicação e a indicação de algum tipo de terapia (psicoterapia e muitas vezes o apoio da terapia ocupacional). Atualmente, se a medicação e terapia são seguidas corretamente, a maioria dos portadores da esquizofrenia podem viver de modo produtivo e com uma vida social bem-adaptada.

Gabriela P. Daltro

Psicóloga CRP 06/86668

gabipdaltro@hotmail.com